domingo, 19 de julho de 2009

Ponto da situação

Neste momento não falo com ela, já lá vão, duas semanas, o que se tem passado parece que tem sido demasiado grave para que tanto o meu orgulho como o orgulho dela nos façam sequer desviar o olhar um do outro. A Inês é assim, amua por tudo e por nada, não é capaz de ter um diálogo digno de uma pessoa de 26 anos. As discussões são assim, curtas e brutas sem nexo muitas das vezes. ela não tem cuidado com o que diz, é espontânea diz a primeira coisa que lhe vem a cabeça, sem reflectir que aquilo que está a dizer me pode magoar.

Ela fala, interrompe, não ouve e vira as costas ou faz birra, sim birra, quando sou eu a falar, basicamente só a opinião da Inês é importante, a minha é semelhante aquele personagem que faz a alegria das gentes que vão ao futebol para o lado do Dragão, sim esse, o emplastro.

Ela desliga o telefone, bate com a porta e pronto acabou, não quer falar mais e fico ali, a falar para o boneco que muitas vezes é uma porta ou um telemóvel desligado.

O que se passa actualmente é que a Inês vive a 200km/h num dia-a-dia agitado dentro da área profissional que se formou, em reuniões e aulas, em trabalhos e mais trabalhos de formação e testes para corrigir, é um sem fim de coisas para fazer, enquanto que eu vivo a 20km/h, muito mais ocupado com os hobbies do que propriamente com o trabalho, completamente longe daquilo que estudei para me formar, mas enfim a vida é assim, as vezes não fazemos aquilo que queremos.

Mas a Inês não é a única culpada na relação…

Estive um ano a meio gás apenas a procurar trabalho ou emprego dentro da minha área, confiante que um dia mais tarde iria aparecer algo para fazer, confiante que a ajuda dos meus pais, que nunca chegou, para arranjar um emprego iria chegar, confiante que alguém dissesse um dia “Olha queres trabalhar?” fosse o meu click para a minha carreira profissional. Nada, ninguém o disse, nada apareceu, os dias foram passando e estava em casa a perder a esperança completamente preso dentro do meu próprio método estúpido de pensar que as coisas caíam do céu, enfim, ainda para mais hoje em dia. Estupidez tamanha Pedro, estupidez tão grande perder tempo valioso à espera de algo. Como estou arrependido.

Precisamente nesse ano já a Inês andava a pelo menos 150km/h farta de me dizer para me mexer mais, que aquilo não estava a resultar, mas sempre pensei que 5 anos a estudar para tirar um curso superior tinham algum valor, enfim, balelas!

Passado um ano percebi que tinha mesmo de me mexer, era altura de fazer algo, sob o risco de com 30 anos estar ainda a viver em casa dos meus pais e dependente deles.

Depois de uma discussão séria numas ferias o ano passado em Agosto, mais ou menos por esta altura, curioso, eu decidi fazer algo pela vida, não é que não tivesse feito antes, mas fi-lo muito devagar digamos. Enviei inúmeros currículos, fui a inúmeras entrevistas, tinha conseguido um part-time em Abril e mantive-o, ao menos isso. Obviamente que isso para a Inês não chegava ela não via nada de concreto, apesar de eu me estar a esforçar não arranjei nada, porra mas afinal o que estava a correr mal, acho que não sou assim tão incompetente, o meu currículo não é assim tão mau para alguém que é formado em gestão e línguas. No meu estágio tive a melhor nota e nos sítios onde estive a trabalhar temporariamente saí-me sempre bem, afinal o que está mal?

Desde todas estas perguntas até a uma depressão é um pequeno passo. Vivo sem saber o dia de amanhã, sem saber onde vou estar, sem saber o que fazer e esta distância da Inês mata-me!

Sem comentários:

Enviar um comentário